O entendimento inicial necessita ser de que o ato de escrever não é puramente cognitivo. Aliás, existe uma razão emocional muito maior do que a vazão cognitiva. Escreve-se com a emoção; independentemente daquilo que se escreve. O sentimento gerado, através dessa relação, tem uma importância fundamental para qualquer indivíduo que “enfrenta” uma folha de papel em branco.

Quando existe uma dificuldade de escrever, em grande parte das vezes, não se resolve dando ao indivíduo uma condição, basicamente, técnica da forma e do conteúdo.

Faça uma análise inicial e perceba como você se sente nestas cinco situações. Internalize, de forma verdadeira, e reaja:

Situação 1: Você está em sala de aula e o professor de redação entra e lhe diz que, naquele momento, você fará um texto dissertativo que valerá ponto. Qual a sua emoção?

Situação 2: Você vai fazer um concurso público para o qual você estudou durante cinco anos seguidos. Nele, será cobrado, com peso muito alto, um texto dissertativo. Qual a sua emoção?

Situação 3: Quando você está em férias, o que você pensa com relação a construir um texto narrativo-descritivo, por hobby, contando sobre suas férias? Qual a sua emoção?

Situação 4: Se o funcionário da área de Recursos Humanos, em uma entrevista de emprego, para um alto cargo, perguntar sobre a sua condição de escrita, qual a sua emoção?

Situação 5: Qual a lembrança mais antiga que você tem escrevendo alguma coisa? Qual a sua emoção?

Ninguém sobre a face da Terra pode se dar ao luxo de dizer que não tem capacidade para escrever ou, mesmo, que não gosta de realizá-lo.

Afirmar quaisquer dessas situações descritas, anteriormente, é, simplesmente, negar-se ao mundo e à vida da normalidade.

Escrever é uma das grandes capacidades naturais do ser humano! O gostar está, intimamente, ligado ao desenvolvimento da habilidade de fazê-lo.

Muitas pessoas ainda acreditam em que o ato de escrever é uma prática destacada de outras construções. Seria como se alguém pudesse gerar sua escrita sem uma percepção de outras dimensões que a compõem. Algo, puramente, maquinal.

Todos acreditam em que, num determinado período da vida, aprende-se a escrever. E pronto! E essa época é dotada apenas de todo aprendizado daquele tempo presente e de toda capacidade produtiva, sem levar em consideração tudo quanto ocorreu em outros ciclos. Isso é um equívoco!

É cada vez mais pertinente afirmar que a escrita do ser humano é o construto de todos os ambientes nos quais ele viveu, aliado a todo pensamento por ele forjado e expresso ao longo de uma vida inteira.

Escrever não é apenas um ato mecânico. Escreve-se, porque algo em si mesmo pensa e complexifica as emoções, levando o indivíduo a se concretizar e a se perpetuar naquilo que ele escreve. O que é escrito é uma marca da personalidade. É uma cicatriz. É um carimbo, que é único e intransferível. O que é escrito é uma eternidade da alma impulsionada pela consciência.

Mas escrever, também, é um ato mecânico. É a possibilidade de utilizar o código para expressar o pensamento. É a capacidade de conquistar novos caminhos e entender a função de cada um no mundo. O que é escrito é a codificação de uma emoção e a codificação lógica e pétrea de um domínio linguístico.

Escrever é tudo junto… é um ato político! A escrita é uma estrutura cheia de faces que vai desde uma simples codificação da língua à expressão do mais valioso sentimento guardado.

Então, pode-se perceber que escrever não é algo irrelevante ou menor. Escrever estrutura a vida e faz uma ponte com o mundo. A escrita denota liberdade. A capacidade inerente da escrita torna qualquer ser humano livre.

Todo e qualquer indivíduo pode se libertar através da escrita, de forma irrestrita e abrangente. No entanto, qualquer um pode ser aprisionado – ainda que involuntariamente -, através da inabilidade decretada para ela.

 

Evandro Livramento

Educador, Consultor em Educação e Desenvolvimento Humano e Produtor Digital

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