Autonomia e Identidade pela Escrita

É interessante que se entendam os parâmetros que moldam o pensamento e que refletem, diretamente, na forma de enxergar o mundo e de sentir suas possibilidades.

Tudo isso engendra o desenvolvimento das habilidades que moram no plano das capacidades do ser humano. Escrever é uma das mais importantes.

O desenvolvimento da escrita não está restrito ao ato de escrever apenas. Esse processo permeia uma série de outras capacidades (ouvir/escutar, falar e ler) que serão estudadas em outra ocasião.

Aqui, todavia, entender-se-á o quanto a escrita é moldada e minimizada, em sua função, pela filosofia hegemônica de entendimento e de visão do mundo.

O que se denomina, atualmente, com relação ao emocional, tem uma influência extrema na condição de um indivíduo no mundo, em relação a sua escrita.

Dominar ou não a escrita; desejar ou não a escrita; acreditar ou não na escrita; ter facilidade ou não de escrever. Todos esses processos são, naturalmente, aceitos e internalizados. A questão é que, quando se acredita em algo, fixa e constantemente, essa crença sustenta qualquer afirmativa que seja feita a si mesmo.

A verdade é que alguém pode levar a crença de que sabe ou que não sabe escrever ou de que gosta ou de que não gosta de escrever e essa determinar pontos cruciais e, teoricamente, definitivos em sua vida.

Não há ninguém que domine tanto a escrita que não possua mais espaço para uma nova aprendizagem. Não há quem esteja tão distante do domínio da escrita que não tenha condição plena de constituir sua habilidade em escrever.

A proposta deste livro é fazer com que o indivíduo perceba que sua disposição – para gostar ou não de escrever, para aumentar ou não a habilidade de escrever – está, exatamente, conectada com o seu modo de estar no mundo e a visão que permeia sua existência desde os primeiros momentos da sua vida.

A denominada Inteligência Emocional é a capacidade de tornar pertinente o lidar com as ações, condicionadas ao sentimento, perante as condições colocadas pela vida cotidiana.

A contiguidade na relação entre a Inteligência Emocional e a habilidade de escrever está na necessidade que o indivíduo possui em se reconhecer e se apropriar, para o exercício da escrita, ainda que ele seja detentor do conhecimento daquele determinado tema.

Em suma, não se escreve por que se conhece, profundamente, um determinado conteúdo. O poder da escrita não está na superfície das informações contidas em um tema. Expor um argumento no papel demanda muito mais da expressão subconsciente do que daquilo que se mostra no nível superficial.

Entender como as emoções permeiam, de forma tão sutil, a expressão de tudo quanto se conhece é o princípio básico para a compreensão do quanto será exposto, no texto, daquilo que se traz em si mesmo.

Há exemplos brilhantes de pessoas que alcançam um bom texto, mesmo não tendo um conhecimento tão vasto e profundo. Assim como existem pessoas que, ainda que possuam conhecimento denso em uma determinada área, não tem a habilidade de torná-lo textual.

Um bom desenvolvimento emocional permite que o indivíduo construa um ambiente de escrita muito mais saudável e produtivo do que aquele que, mesmo sendo um “conhecedor”, não estabelece uma relação frutífera entre sua habilidade de escrever e aquilo que, realmente, expressa no papel.

Evandro Livramento

Educador, Consultor em Educação e Desenvolvimento Humano e Produtor Digital

2 thoughts on “Autonomia e Identidade pela Escrita”

  1. Boa noite!!
    Eu sinto muita por ter tido a oportunidade de beber dessa fonte de conhecimento, mas não bebi nada ou o que bebi não foi suficiente, para matar a minha sede de conhecimento
    Hoje tenho um grande arrependimento. Obrigado por vc ter feito parte de minha formação acadêmica.
    Que pena, não soube aproveitar mais de vc.

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